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Análise

Raquel Carranza

Os 5 acordos de comércio exterior mais importantes do continente americano

- Você conhece os acordos mais importantes do continente americano em termos de comércio exterior?

Os 5 acordos de comércio exterior mais importantes do continente americano

O comércio é sem dúvida a base da economia e a nível internacional é extremamente importante que os Estados e os empresários exportadores ou importadores tenham uma posição favorável; por esta razão, este aspecto económico está materializado em muitos tratados, acordos e negociações entre os actores da comunidade internacional.

Os acordos estabelecem a vontade de dois ou mais países em melhorar ou tratar uma questão ou fenómeno em conjunto, e quase sempre está envolvido o aspecto económico, quer para beneficiar o comércio, quer para aumentar as suas relações económicas de tal forma que ambos tenham um maior e mais dinâmico mercado.

Actualmente, existem vários tipos de acordos comerciais e isso dependerá do número de partes envolvidas ou do alcance que as partes envolvidas pretendem alcançar, uma vez que podem ser bilaterais ou multilaterais; bem como estabelecer objectivos exactos, tais como acordos de comércio livre ou acordos de âmbito parcial; e mesmo para fins semi ou a favor da integração, como uma união aduaneira, um mercado comum ou uma união económica.

Porém, é fundamental conhecer os fundamentos do próprio comércio exterior. Os acordos que ditam as regras do jogo e têm servido de parâmetro internacional entre Estados e empresas que interagem comercialmente para exportar e importar. Por isso, serão apresentados os cinco acordos de comércio exterior mais importantes da América com alcance global:

O Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio - GATT (1947 e 1994)

O GATT é por excelência o acordo básico sobre problemas aduaneiros e comerciais que dificultavam o intercâmbio económico ou promoviam a concorrência desleal, da mesma forma, levantou a necessidade de uma organização internacional dedicada ao comércio.

O acordo de 1947 abrange desde o início tudo o que é o comércio internacional de mercadorias num contexto pós-guerra e tinha como objectivo liberalizar o comércio, reduzir o proteccionismo (que, em certa medida, fazia parte das causas dos conflitos de guerra) e encontrar medidas que beneficiassem o principais mercados. Este primeiro acordo teve oito rondas de negociação entre 24 países e abordou questões como serviços, medidas não tarifárias, tarifas, medidas antidumping, propriedade intelectual, resolução de litígios, agricultura e têxteis. Em suma, os regulamentos fundamentos comerciais.

O acordo de 1994 menciona questões como a remoção de restrições; subvenções; liberdade de trânsito, que consiste no direito que um exportador tem de transitar sua mercadoria pelo território de um terceiro país, para chegar ao destino da importação.

No mesmo sentido, está abrangida a avaliação aduaneira; o tratamento nacional dos produtos importados com sua tributação e regulamentação interna; direito antidumping e compensatório; bem como o tratamento de nação mais favorecida, que sem dúvida garante maior segurança aos exportadores de que suas mercadorias não serão discriminadas com base no local de origem e de que haverá menos concorrência desleal.

O Acordo de Marraquexe

O acordo de Marrakech foi resultado de uma série de negociações na Rodada Uruguai desde 1986, atualizou o GATT de 1947 e criou a Organização Mundial do Comércio (OMC), que até hoje é a única instituição internacional competente na regulação do comércio internacional com 164 membros. A OMC era o tipo de instituição inspirada na fracassada Organização Internacional do Comércio (ITO) desde 1947 com o primeiro acordo do GATT.

O acordo procurava liberalizar o comércio, proteger a estabilidade comercial, aliviar tensões futuras que tivessem implicações deste tipo e, tal como o preâmbulo do acordo de Marraquexe especifica no primeiro parágrafo, o comércio deve "tender a elevar os padrões de vida, a alcançar o pleno emprego e uma população considerável e volume constantemente crescente de renda real..." (1994)

Acordo de Facilitação Comercial – AFC (2017)

Este acordo tem sido um dos mais recentes e tem como função agilizar os trâmites aduaneiros e o comércio exterior em geral, isto a partir de uma abordagem interna com transparência de informações e educação do exportador e importador, bem como cooperação contínua no trânsito de mercadorias .

Outro ponto relevante é a implementação de um guichê único, que é um sistema que especifica a entrega dos diferentes documentos em uma única entrada para evitar procedimentos complicados e atrasos burocráticos; aliada à tecnologia, também tem a possibilidade de estabelecer pagamentos eletrônicos para minimizar o tempo de liberação e despacho. Da mesma forma, isto reduz a desinformação ou os abusos públicos à exportação e importação.

Acordo sobre Subsídios e Direitos Compensatórios – SMC (1994)

O acordo trata de dois aspectos muito importantes dentro das relações comerciais e possíveis problemas que surgem dessa interação, por um lado, os subsídios, que são uma espécie de ajuda financeira do governo ou órgão público com a ideia de ajudar uma empresa a alguma atividade que precisa de investimento.

Os subsídios são como algum tipo de crédito ou subsídio, mas não se limitam a dinheiro. No segundo sentido, é utilizado para que em determinado momento seus custos de produção ou logística caiam e, consequentemente, a exportação seja maior ou muito mais competitiva.

O acordo contém uma definição do termo que inclui três elementos básicos para ser classificado como tal: deve ser uma contribuição financeira, deve ser concedida por um governo ou qualquer organismo público no território de um Estado membro da OMC, e deve conceder um benefício. Por outro lado, existem medidas compensatórias que, ao contrário do subsídio, o governo ou país importador do bem, aumenta os direitos de importação para diluir os efeitos do subsídio aplicado no país de origem. Isto é aplicado com a intenção de não causar danos aos produtores nacionais do país importador.

O acordo define o âmbito de aplicação de ambas as medidas. Quer os limites de um Estado para conceder subsídios e que estes não caiam em concorrência desleal e os requisitos para um Estado exercer medidas compensatórias sem cair em discriminação.

Em resumo, o acordo delimita as intervenções que o Estado pode ter a favor ou contra, conforme o caso. É extremamente importante a existência de um regulamento que evite mal-entendidos por parte dos seus membros, e que evite conflitos desnecessários ou arbitrários.

Convenção de Quioto sobre a Simplificação e Harmonização dos Procedimentos Aduaneiros (1973)

O acordo de Quioto é um dos principais acordos de facilitação aduaneira existentes e, como o próprio título indica, procura simplificar o comércio e os seus procedimentos.

Este acordo tem implicações principalmente aduaneiras, mas é impossível falar em comércio exterior sem mencionar o aspecto aduaneiro, pois este faz parte do núcleo que o compõe. O acordo faz parte dos objetivos básicos da Organização Mundial das Alfândegas (OMA) juntamente com a Convenção sobre o Sistema Harmonizado de Codificação e Designação de Mercadorias (1983) e tenta reduzir as disparidades que existem nos regimes aduaneiros em todo o mundo.

Como consequência da própria globalização, é uma forma de generalizar processos e evitar entraves tanto às trocas em grande escala como à protecção e cooperação contra o tráfico ilegal de mercadorias. Da mesma forma, tenta modernizar os procedimentos aduaneiros para reduzir as lacunas comerciais que tendem a prejudicar alguns produtores, empresários e, em última análise, o próprio Estado, uma vez que já não é competitivo.

Concluindo, todos os instrumentos jurídicos mencionados fazem parte do progresso sistemático que o mundo tem tentado fazer para reduzir fronteiras e barreiras. Aliado ao facto de a importância destes acordos internacionais no continente e no mundo deriva tanto da sua adesão, como da inspiração que muitos Estados tomam para criar ou modificar as suas regulamentações nacionais, sempre com o ideal de facilitar o comércio com o exterior.

Fontes

    Acuerdo de Marrakech. Preámbulo, párrafo 1. 15 de abril 1994.

    Definición de subvenciones (2016). informe sobre el comercio mundial 2016. World Trade Organization. https://www.wto.org/spanish/res_s/booksp_s/anrep_s/wtr06-2b_s.pdf

    El hito de Marrakech — 25o aniversario de los acuerdos fundacionales de la OMC. (2019).

    World Trade Organization. https://www.wto.org/spanish/news_s/news19_s/hist_15apr19_s.htm

    Qué es un tratado internacional de comercio – Instituto Europeo de Posgrado. (2018). Instituto Europeo de Posgrado. https://www.iep.edu.es/tratado-internacional- comercio-que-es/

    Textos jurídicos de la OMC. (s. f.). World Trade Organization. https://www.wto.org/spanish/docs_s/legal_s/legal_s.htm


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Carranza, Raquel. “Los 5 acuerdos de comercio exterior más importantes del continente americano.” CEMERI, 12 sept. 2022, https://cemeri.org/pt/art/a-acuerdos-comerciales-importantes-america-dv.