A 'missão de paz' de Viktor Orbán

Nesta segunda-feira, 8 de julho de 2024, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, realizou uma visita surpresa a Pequim para se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping. Neste encontro, ambos os líderes concordaram em encontrar uma resposta pacífica para acabar com a guerra na Ucrânia, assim como em rejeitar as sanções do Ocidente contra a Rússia. Recentemente, o líder húngaro também se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodymir Zelenski, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Esta última reunião desencadeou críticas por parte das autoridades da União Europeia.

A polêmica turnê de Viktor Orbán

No início de julho, Viktor Orbán assumiu a presidência rotativa do Conselho da União Europeia. Apesar de seu rejeição evidente à União e sua proximidade com a Rússia, o líder húngaro assumiu este cargo com o objetivo de "[sacudir as estruturas de poder impostas desde Bruxelas](https://www.dw.com/es/hungr%C3%ADa-asume-presidencia-de-la-uni%C3%B3n-europea-por-seis-meses/a-69532362#:~:text=La%20Hungr%C3%ADa%20euroesc%C3%A9ptica%20del%20primer,ante%20los%20temores%20del%20bloque)". Desde o início, o ministro húngaro se opôs às restrições europeias à Rússia e ao apoio da UE à Ucrânia. Por isso, poucos dias após assumir o cargo, realizou uma série de visitas a líderes mundiais como parte de sua "missão de paz", cujo objetivo é encontrar possíveis acordos de paz na Ucrânia.

Em 2 de julho, Viktor Orbán viajou a Kiev para uma reunião com o presidente ucraniano Volodymir Zelenski. Nesta ocasião, ele exortou a Ucrânia a um rápido "[cessar-fogo](https://www.france24.com/es/europa/20240702-el-h%C3%BAngaro-orban-cr%C3%ADtico-de-la-ayuda-a-ucrania-llega-a-kiev-para-entrevistarse-con-zelenski)" para chegar a um acordo de paz com a Rússia. Além disso, questionou a iniciativa de Kiev de aderir à União Europeia, assim como as condições que Zelenski possui para chegar a um acordo com Moscou. Por sua vez, o presidente ucraniano mostrou-se disposto a chegar a um acordo de paz, afirmando que espera contar com a Hungria para uma Segunda Cúpula pela Paz. Por fim, Zelenski anunciou que enviará a Moscou uma rota de colisão para encerrar a guerra, após receber o apoio da comunidade internacional.

Poucos dias depois, em 5 de julho, o ministro Orbán foi recebido em Moscou pelo presidente Vladimir Putin. Neste encontro, Putin destacou que não busca apenas um "cessar-fogo", mas sim uma solução definitiva para o conflito. Por isso, enfatizou o cumprimento de algumas condições que poderiam ser discutidas no contexto de um possível "trabalho conjunto". Moscou exige a retirada das tropas ucranianas do território russo. Da mesma forma, mantém uma posição contrária a uma possível adesão da Ucrânia à OTAN, apesar da rejeição de Zelenski. Finalmente, Putin destacou o trabalho de Viktor Orbán como presidente do Conselho da UE e "mediador" no conflito bélico.

Esta visita ao Kremlin gerou rejeição entre os membros da União Europeia. Orbán é o primeiro líder da UE a visitar a Rússia desde o início da guerra em 2022. Diversas instituições europeias apontaram que o primeiro-ministro húngaro agiu fora de suas competências como presidente do Conselho. Nesse sentido, enfatizaram sua posição contra Moscou. Em resposta, Viktor Orbán criticou a posição da UE, afirmando que os acordos de paz não podem ser feitos apenas de "[um escritório em Bruxelas](https://www.rtve.es/noticias/20240705/orban-visita-rusia-se-reune-con-putin-ante-criticas-paises-union-europea/16175449.shtml)". Por isso, manifestou que continuará com essas visitas para chegar a um acordo de paz na Ucrânia.

Em 8 de julho, Viktor Orbán surpreendeu com uma visita a Pequim para se reunir com o presidente chinês Xi Jinping. Através de sua conta do X, o ministro húngaro classificou este evento como a "missão de paz 3.0", vinculando suas recentes viagens a Kiev e Moscou. Nesta ocasião, o líder chinês afirmou que a comunidade internacional deve estabelecer condições para um diálogo direto entre a Rússia e a Ucrânia. Nesse contexto, Orbán destacou a importância da potência chinesa para estabelecer condições para a paz.

Xi Jinping assegurou que não existem contradições políticas nem conflitos fundamentais de interesses entre a China e a UE. Pelo contrário, espera que a Hungria desempenhe um papel ativo na promoção do desenvolvimento saudável e estável das relações entre a China e a UE e na realização de uma interação positiva entre ambos. Em relação à guerra na Ucrânia, Xi Jinping afirmou que somente quando as grandes potências mostrarem energia positiva, em vez de energia negativa, este conflito verá surgir um raio de esperança de um alto o fogo o mais rápido possível.

Viktor Orbán: Aliado da paz ou de Moscou?

Viktor Orbán tem se destacado como uma figura antagônica dentro da União Europeia. Ele constantemente questionou as normas aprovadas desde Bruxelas, argumentando que comprometem a soberania nacional e restringem a atividade industrial da Hungria. Por esse motivo, sua presidência no Conselho da UE representa uma oposição às regulamentações rigorosas da União, assim como à gestão da atual presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von Der Leyer. Por outro lado, Viktor Orbán tem sido um aliado europeu de Mo...