Quando cada país terminará de vacinar a sua população contra a COVID-19?

Apesar de já terem começado diferentes campanhas de vacinação nos países desenvolvidos, levará algum tempo para alcançar a imunidade em massa. O principal obstáculo é a produção, isto porque vários países reservaram mais doses do que necessitam. Além disso, os preços associados aos programas de vacinação e imunidade serão elevados, especialmente para os países em desenvolvimento cujas finanças são mais limitadas. Além disso, a diplomacia desempenhará um papel muito importante e por esta razão o termo “diplomacia da vacina” foi cunhado. Por exemplo, a Rússia e a China tentarão tirar o máximo partido do seu estatuto de doadores de vacinas.

No ano passado (2020), governos de todo o mundo tiveram que recorrer a confinamentos e ao distanciamento social para tentar controlar a Covid-19. Em alguns casos, esta estratégia deu resultados positivos, embora não para a maioria dos países. É por isso que o plano para 2021 é colocar em cima da mesa uma estratégia definitiva através de programas de vacinação e imunização. Prova disso é o facto de estas campanhas terem começado tão cedo quando algumas vacinas foram dotadas do estatuto de aprovação emergencial.

Países como Israel, Bahrein e os Emirados Árabes Unidos encontram-se ligeiramente à frente nesta corrida à vacinação, talvez em grande parte devido ao tamanho das suas populações. Outros países como o Reino Unido, os Estados Unidos e a União Europeia estão muito próximos da liderança. Alguns outros países desenvolvidos não iniciaram os seus programas de vacinação contra a Covid-19. É o caso do Japão, por exemplo, que só começará no final de fevereiro.

Como esperado, já surgiu alguma controvérsia e debate em torno da desigualdade nestas campanhas de vacinação. Mesmo antes de começarem, alguns líderes questionaram a “lenta” aprovação de emergência de certas vacinas pelo Reino Unido. Além disso, também foi criticado o plano britânico de adiar a segunda dose necessária de determinadas vacinas para “aproveitar” a quantidade limitada de vacinas que receberia. Do outro lado do mundo, na Indonésia, o debate gira em torno do plano nacional de dar preferência às pessoas em idade activa em detrimento da população idosa.

A polêmica também gira em torno da demanda e da oferta de vacinas. Mesmo com o grande motor de cooperação derivado da pandemia, o fornecimento e a produção de vacinas permanecerão eclipsados ​​pela esmagadora procura global. Tal situação poderia continuar assim pelo menos no próximo semestre. Além disso, acrescenta-se o facto de os países mais desenvolvidos terem monopolizado um grande volume de vacinas. Dos doze mil milhões de doses planeadas pelas grandes empresas farmacêuticas, seis foram pré-encomendadas por países “ricos”. O Canadá, por exemplo, encomendou quantidade suficiente para vacinar 5 vezes a sua população. Enquanto Israel, por outro lado, pagou muito mais do que o preço estipulado para estar entre os primeiros a adquirir a vacina Pfizer.

Por fim, dentro das restantes doses, surgirá uma disputa entre países em desenvolvimento cuja situação económica foi atingida pela pandemia de Covid-19. E é que o custo das vacinas não se reduz apenas à dose em si, mas devem ser considerados outros gastos derivados, como transporte, distribuição, salários do pessoal médico, entre outros. Além disso, existe o risco de que as vacinas atuais não sejam totalmente eficazes contra futuras mutações do vírus. As vacinas Pfizer e Moderna, pela sua estrutura química, são fáceis de modificar para lidar com novas variações da Covid, mas num tal cenário seria necessário iniciar novas campanhas de vacinação que acabariam por esvaziar os cofres de um grande número de países.