Reunião Estratégica na Cúpula da OCS: Xi Jinping e Vladimir Putin Fortalecem a Cooperação Regional

No dia 3 de julho de 2024, ocorreu uma reunião entre o presidente Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin. Este encontro ocorreu no âmbito da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) realizada na cidade de Astana, no Cazaquistão.

O que é a Organização de Cooperação de Xangai (OCS)?

A Organização de Cooperação de Xangai (OCS) é uma organização intergovernamental fundada em Xangai em 15 de junho de 2001. Atualmente, é composta por nove Estados membros: China, Índia, Irã, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Paquistão, Tajiquistão e Uzbequistão. Além disso, possui três Estados observadores em processo de adesão: Afeganistão, Bielorrússia e Mongólia. Por fim, os oito "Associados no Diálogo" da OCS incluem Arábia Saudita, Armênia, Azerbaijão, Camboja, Nepal, Catar, Sri Lanka e Turquia.

A OCS desempenhou um papel destacado em questões de segurança regional, combate ao terrorismo, separatismo étnico e extremismo religioso (Saíz, 2009). Da mesma forma, a organização tem sido observadora na Assembleia Geral das Nações Unidas desde 2005. Em abril de 2010, o Secretariado das Nações Unidas e o Secretariado da Organização de Cooperação de Xangai assinaram uma Declaração Conjunta sobre Cooperação.

Em 3 de julho, iniciou-se a cúpula da OCS em Astana, capital do Cazaquistão. Neste evento, os países membros reafirmaram sua posição de cooperação estratégica em segurança e soberania contra influências ocidentais. Assim, reforçaram seu compromisso de aumentar sua influência regional, evitando a dependência hegemônica dos Estados Unidos (Infobae, 2024). Por esse motivo, um dos pontos da agenda foi transformar a Ásia Central em uma potência comercializadora de recursos energéticos, devido à sua conexão geográfica com a Europa e a Ásia.

O presidente Xi Jinping instou os membros a trabalhar pela segurança e desenvolvimento das nações em conjunto. Além disso, destacou a importância da OCS na defesa de princípios como justiça e equidade na região euroasiática. Por sua vez, Vladimir Putin destacou que a entrada da Bielorrússia na OCS é positiva para consolidar a influência deste bloco de cooperação euroasiática (El Comercio, 2024). O presidente russo também celebrou a existência de uma nova ordem mundial multipolar, assim como o surgimento de novos centros de poder. Apesar das disputas internas em alguns países, os membros da OCS compartilham objetivos comuns em segurança e soberania nacional. A próxima reunião da organização está programada para outubro no Paquistão. A agenda deste encontro também está focada em segurança e cooperação regional diante de desafios locais e globais (Infobae, 2024).

O que foi acordado na reunião entre Xi Jinping e Vladimir Putin?

O presidente chinês enfatizou a importância de manter estratégias de desenvolvimento e coordenação internacional com Moscou. Segundo o portal do Ministério das Relações Exteriores da China (2024), Xi Jinping concordou em apoiar a Rússia no cumprimento de suas funções durante sua presidência atual no BRICS, bem como na unificação do Sul Global, na prevenção de uma guerra com o Ocidente e na rejeição às sanções comerciais contra a Rússia. Por sua vez, Vladimir Putin expressou sua gratidão pela recepção que teve em Pequim em maio, considerando que as relações com a China estão em seus níveis mais altos historicamente. Ambos os líderes também se comprometeram a salvaguardar interesses centrais, direitos e interesses legítimos, opondo-se a intervenções estrangeiras nos assuntos internos de ambas as nações, como a disputa no Mar da China Meridional.

Após esta cúpula, a China assumirá a presidência da Organização de Cooperação de Xangai. Por esse motivo, a Rússia comprometeu-se a apoiar plenamente o trabalho chinês e trabalhará em conjunto com os Estados membros para aumentar a influência internacional da organização, defender a paz e a segurança regional e orientar o sistema internacional para uma direção mais justa e razoável. Além disso, como presidente rotativo atual do BRICS, a Rússia espera fortalecer a comunicação e a coordenação com a China em torno da cooperação do BRICS.

Quais são as avaliações do encontro entre os líderes da China e da Rússia?

Putin e Xi Jinping reafirmaram sua aliança estratégica voltada para contrariar a hegemonia ocidental, especialmente dos Estados Unidos. Ambos os líderes defenderam a manutenção de uma postura favorável a um mundo multipolar. Esta narrativa visa fortalecer a posição da OCS como um bloco regional que poderia aumentar progressivamente sua influência na região euroasiática. Por isso, a cúpula focou no desenvolvimento da produção de energia, bem como na segurança e proteção da soberania territorial.

Esta aliança entre Pequim e Moscou visa evitar o deterioro político e econômico de ambos os países. Assim, a Rússia pode mitigar os efeitos da guerra contra a Ucrânia e das restrições comerciais à Rússia pelos EUA e países europeus da OTAN. Por sua vez, a China mantém um aliado para evitar os impactos negativos do conflito com Taiwan e dos países em disputa no Mar da China Meridional; bem como da guerra comercial com os EUA, que poderia se intensificar com uma possível vitória de Donald J. Trump nas eleições americanas de novembro.

Nesse contexto, do ponto de vista geopolítico, o encontro entre Putin e Xi Jinping expõe a complexidade das dinâmicas de poder no sistema internacional. As alianças e acordos na OCS têm um impacto na segurança regional, no equilíbrio de poder global e nas relações internacionais. Por isso, ganha força a narrativa de um mundo multipolar e a rejeição à influência ocidental.