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Lizbeth Rodriguez
O que foi a guerra fria?
- Em meados do século XX, configurou-se uma nova ordem mundial que reformulou o campo das Relações Internacionais, o que marcou a transição de um mundo multipolar para um mundo bipolar.
Em meados do século XX, configurou-se uma nova ordem mundial que reformulou o campo das Relações Internacionais, o que marcou a transição de um mundo multipolar para um mundo bipolar. Os protagonistas desse cenário emergente foram duas superpotências que se definiram pela oposição: a União Soviética, que liderou o Cominform (1947), posteriormente o Pacto de Varsóvia (1955), e os Estados Unidos, que se encarregou da Organização do Tratado de Atlântico Norte (NATO) (1949) (Delicia Zurita e Simonoff, s.f.).
Durante um período de aproximadamente quarenta e cinco anos, ambas as potências mantiveram um confronto a tal ponto que o resto dos estados do mundo tiveram que se alinhar como capitalistas ou comunistas. A Guerra Fria definiu os rumos da política internacional (Delicia Zurita e Simonoff, s.f.).
Assim, com o objetivo de reconstruir o continente europeu após a guerra e evitar o aumento da influência comunista entre uma população empobrecida, os EUA iniciaram em 1948 um programa de ajuda econômica aos países europeus denominado Plano Marshall. A URSS considerou o plano, idealizado pelo secretário de Estado George Marshall, uma estratégia para usar seu dinheiro como forma de controle político e o rejeitou liminarmente (ACNUR, 2018).
A tensão cresceu a tal ponto que a URSS fechou as fronteiras adjacentes com a Alemanha, o que criou uma situação pré-guerra que levou a crer que a eclosão da guerra era iminente. Por fim, as tensões da situação foram reduzidas e as fronteiras foram reabertas em 1949, mas a Guerra Fria já era uma realidade (ACNUR, 2018).
Segundo Fred Halliday (1993), esse período pode ser dividido em quatro fases:
Fase 1: “Primeira Guerra Fria” (1946-1953): Nem o Oriente nem o Ocidente conseguiram dominar um sobre o outro, de modo que seu resultado foi inconclusivo devido à paridade de forças de ambos os lados.
Fase 2: “Antagonismo Oscilatório” (1953-1969): Caracterizada por um confronto estático e um período de détente, essencialmente de negociação.
Fase 3: “Détente” (1969-1979): Durante ela, as tensões não são de grande importância e pode-se observar um afrouxamento da aposta Leste-Oeste. Isso se refletiu em uma redução acentuada da corrida armamentista e em uma tendência à tolerância com a “outra” segunda ordem social.
Fase 4: “Segunda Guerra Fria” (de 1979 em diante): Foi mais uma vez marcada por uma forte tendência ideológica que girava em torno de considerar o inimigo como uma ameaça a toda a humanidade.
Já o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR, 2018), classifica-o por momentos históricos:
Muro de Berlim
Em 1961, para conter a emigração e o contrabando, as autoridades comunistas da República Democrática Alemã (RDA) construíram um muro que isolava a parte ocidental de Berlim, pertencente à República Federal da Alemanha (RFA), país membro da OTAN. O renomado Muro de Berlim se tornaria, até sua queda em 1989, o grande símbolo da Guerra Fria na Europa.
Armas e corrida espacial
Os EUA e a URSS lançaram-se em uma corrida desenfreada para possuir o maior arsenal nuclear e a tecnologia espacial mais desenvolvida. Como resultado, o desenvolvimento de uma capacidade tão vasta de destruição foi alcançado por ambos os países, que uma guerra teria inevitavelmente levado à destruição mútua. Este fato foi fundamental para evitar a eclosão de uma guerra aberta. Avanços espaciais também foram feitos, como a primeira viagem tripulada ao espaço e o envio de uma pessoa à superfície da Lua em 20 de julho de 1969.
Guerra do Vietnã
Era o período das guerras por procuração ou guerras em terceiros países, onde cada um dos blocos apoiava diferentes contendores sem confrontar diretamente o outro. Ficou para a história por sua duração, seu altíssimo custo em vidas humanas e pelo movimento internacional contra ela que surgiu nas décadas de 1960 e 1970 em quase todos os países ocidentais. Ela durou de 1955 a 1975 e terminou com a vitória das tropas comunistas do Vietnã do Norte contra o exército dos Estados Unidos, que sofreu a primeira derrota de guerra em sua história.
Crise dos mísseis de Cuba
Foi provavelmente o momento mais próximo da eclosão de uma guerra nuclear durante a Guerra Fria. Em outubro de 1962, os Estados Unidos descobriram a instalação de mísseis nucleares soviéticos em Cuba, desencadeando uma crise diplomática que culminou no desmantelamento dos mísseis 14 dias depois. A possibilidade de uma guerra nuclear reapareceu em 1983, quando os exercícios militares da OTAN na RFA foram erroneamente interpretados como uma tentativa de invasão da URSS, mas nunca eclodiram.
Queda da URSS
A década de 1980 resultou na queda da URSS e, portanto, no fim do mundo bipolar e da Guerra Fria. A derrota das tropas soviéticas no Afeganistão, a crise econômica que atingiu a economia da URSS e as crises políticas do regime comunista precipitaram o fim daquela que havia sido a segunda potência mundial durante a segunda metade do século XX. Em novembro de 1989 caiu o Muro de Berlim e em dezembro de 1991 desapareceria oficialmente a URSS, que posteriormente foi dividida nas atuais repúblicas pós-soviéticas (Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão). A Guerra Fria acabou.
Fontes
Referencias: ACNUR. (2018). La gran guerra que nunca estalló: un resumen de la Guerra Fría. Recuperado de https://eacnur.org/blog/resumen-de-la-guerra-fria-tc_alt45664n_o_pstn_o_pst/
Delicia Zurita, M. & Simonoff, C. (s.f.). La Guerra Fría en el marco de las Relaciones Internacionales. Recuperado de https://secyt.presi.unlp.edu.ar/cyt_htm/ebec07/pdf/zurita.pdf
Halliday, F. (1993). Los finales de la Guerra Fría. En Blackburn, Robin (comp). Después de la caída. Barcelona.