Quem foi Gilberto Bosques?

Gilberto Bosques Saldívar, nasceu na cidade de Chiautla de Tapia, Puebla, em 20 de julho de 1892. Foi professor, jornalista, político e diplomata mexicano, mas acima de tudo uma “pessoa com grande vocação pedagógica” (CNDH, 2018) . No Centro Gilberto Bosques (2018) é mencionada sua participação na Revolução Mexicana, estando envolvido no levante de Aquiles Serdán em 1910; anos depois se aventuraria na política e seria deputado em duas ocasiões.

Segundo informações do CONAPRED (s/f), em 1939, num contexto em que a Espanha estava mergulhada no franquismo e a guerra começava no resto da Europa, o presidente da República Mexicana, na época Lázaro Cárdenas del Río, nomeia Gilberto Bosques Cônsul Geral em Paris, França.

Quando os alemães invadiram a França, Bosques e sua família fugiram de Paris, com a instrução de estabelecer o consulado em outro local, para o qual viajou para o litoral norte, onde se restabeleceu em Marselha, no Mediterrâneo, área que se enquadrava na o Governo Francês de Vichy (CONAPRED, s/f). Embora o seu dever fosse proteger os interesses dos mexicanos residentes na França desocupada, ele logo protegeu também outros grupos. Segundo CONAPRED (sem data):

Ele apoiou libaneses com passaportes mexicanos e refugiados espanhóis que procuravam fugir dos nazistas. Na verdade, acredita-se que foi ele quem convenceu o presidente Lázaro Cárdenas a abrir as portas do México aos republicanos espanhóis. O afluxo de refugiados em busca de vistos mexicanos foi tão grande que Bosques alugou dois castelos (Reynarde e Montgrand) para transformá-los em centros de asilo enquanto era organizada a sua partida para o México.

Em 1943, segundo a CNDH (2018), o México rompeu relações diplomáticas com o Governo de Vichy na França e o Cônsul Bosques foi quem apresentou a nota de ruptura. As tropas da Gestapo prenderam imediatamente todo o pessoal do consulado, incluindo Gilberto Bosques, sua esposa, seus três filhos e 43 outras pessoas; “De lá foram transferidos para a comunidade Amélie-les-Bains nos Pirenéus Orientais, embora pouco depois tenham sido transferidos para a Alemanha, para a cidade de Bad Godesberg, onde foram mantidos num hotel-prisão” (CNDH, 2018).

Gilberto Bosques retornou ao México em abril de 1944 e foi recebido por milhares de refugiados espanhóis que o esperavam na estação ferroviária da Cidade do México (CNDH, 2018). Em Comunicado do Itamaraty (2017) em que homenageiam a memória de Gilberto Bosques, é narrado que:

Entre 1939 e 1944, Dom Gilberto Bosques Saldívar foi Cônsul Geral do México na França, país de onde emitiu cerca de 40 mil vistos para judeus, espanhóis, franceses, libaneses e italianos perseguidos por regimes fascistas. Graças à emissão destes documentos, milhares de mulheres e homens puderam viajar para o México, onde encontraram refúgio e começaram uma nova vida.

Com isso, o Itamaraty (2017) reconhece que “seu trabalho humanitário e solidário em favor de quem pensa diferente transcende até os dias de hoje”. Os seus últimos anos como diplomata mexicano foram servidos como Ministro Plenipotenciário em Portugal (1945-1949) na Suécia e na Finlândia (1949,1953) e; de 1953 a 1964 foi Embaixador em Cuba (Centro Gilberto Bosques, 2018).

Em sua biografia do Centro Gilberto Bosques (2018) consta que faleceu em 4 de julho de 1995 na Cidade do México, aos 102 anos.

Reconhecimento internacional

Na página da CNDH (2018) é mencionado como:

Seu grande trabalho humanitário é reconhecido internacionalmente, pois graças a ele milhares de pessoas encontraram refúgio e iniciaram uma nova vida. Com a sua missão pessoal, que cumpriu com toda a paixão e consciência, tornou “o dever da política externa mexicana salvar todos os refugiados antifascistas que batessem às portas do consulado mexicano”.

Por sua vez, na notícia do CONAPRED (s/f), consta que em 4 de junho de 2003 o governo austríaco impôs a uma de suas ruas, que fica no 22º Distrito de Viena, chamada Donaustadt ou Ciudad del Danube, o nome do Paseo Gilberto Bosques. Com isso, o governo austríaco procurou homenagear a memória do ilustre diplomata mexicano, “que ajudou durante a Segunda Guerra Mundial a salvar muitos austríacos do poder nazista” (CONAPRED, s/f).

Da mesma forma, após a sua morte, continuou o reconhecimento do seu humanismo, como demonstra a criação em 2013 do Prémio de Direitos Humanos "Gilberto Bosques", por ocasião dos cinquenta anos do Tratado Eliseo (CNDH, 2018), promovido pela França e embaixadas alemãs no México.

Este personagem também é conhecido como o Schindler mexicano (El País, 2017), “Gilberto Bosques Saldívar ainda é lembrado como um dos grandes salvadores do Holocausto... Bosques demonstrou uma coragem e humanidade excepcionais que deslumbraram ao longo da história moderna” (Gleizer , 2015, p.57).