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Análise

Bárbara Sofía Eng Castellanos

A globalização do Neocolonialismo: a justiça social, a reivindicação dos povos e o questionamento da democracia capitalista

- Além do acima exposto, o processo de globalização e neocolonialismo é acelerado com a introdução da democracia, dos direitos humanos e do estabelecimento de instituições internacionais que permitem a interligação dos países.

A globalização do Neocolonialismo: a justiça social, a reivindicação dos povos e o questionamento da democracia capitalista

A história da humanidade teve intermináveis ​​oscilações de poder devido às civilizações dominantes que exerceram mudanças paradigmáticas na cultura das populações nativas das regiões que, de certa forma, geraram pilares fundamentais na percepção das relações de poder modernas hoje. É por isso que, atualmente, se fala em neocolonialismo, um conceito que parece ressoar em todos nós, mas que deixa uma variedade de questões sem respostas claras sobre a realidade atual.

Na época, tem sido motivo de ridículo investigar questões como: Qual seria a nossa realidade se a colonização não tivesse acontecido? que línguas falaríamos? Ou que tipo de inovações tecnológicas teríamos tido? Além do exposto, o surgimento de movimentos civis em busca de justiça social ou a menção à necessidade de reivindicação dos povos por parte de figuras políticas gerou a relevância do estudo do neocolonialismo. Mas apesar de tudo isto, o que é o neocolonialismo? Ou melhor ainda, de onde vem esse termo?

Para nos aprofundarmos no neocolonialismo, é pertinente que comecemos a abordar o termo colonialismo, que é definido como “uma situação em que um país domina um território estrangeiro. Assim, exerce poder político, económico e cultural” (Westreicher, G., s.f). Com base no exposto, o processo de colonização foi um período histórico promovido pelos países europeus durante a Idade Moderna, trazendo consigo uma espécie de darwinismo social e um discurso messiânico com objetivos de evangelização para a estruturação de uma nova realidade.

O incentivo para esta colonização surge do conhecimento de que no Novo Mundo existiam variedades de metais preciosos, entre os quais se destacavam a prata e o ouro, gerando assim viagens mais frequentes à América e a exploração excessiva e abusiva dos recursos. Entre os viajantes que saquearam as terras dos indígenas estavam pessoas consideradas de má estirpe como os desempregados, os senhores feudais ambiciosos, os soldados desacreditados, os doentes e indivíduos em geral que só procuravam ascender na esfera social através de uma abordagem abusiva e exploração excessiva dos nativos e dos recursos (Cabrera, L.A., 2009).

O anterior motivou o prolongamento da permanência no continente, de tal forma que deu origem ao nascimento do Vice-Reino de Nova Granada. A inserção forçada de uma nova organização social, política e econômica nas cidades americanas para estabelecer um sistema feudal tardio trouxe consigo uma série de consequências que o afetariam até hoje e que se mostraram ineficientes na criação de um forte sistema sociopolítico. estrutura que serviu de competição com os demais poderes do momento (Cabrera, L.A., 2009).

A colonização erradicou as estruturas sociopolíticas pré-hispânicas, tornando o continente americano um território alheio aos seus próprios costumes e tradições nativas que provocariam um desejo coletivo de ser a réplica dos países que o colonizaram. Mas a esperança regressou quando os Estados Unidos da América assumiram o controlo do seu território, optando por criar e reforçar a sua autodeterminação fora da Comunidade da Grã-Bretanha; e estabelecer-se como um novo eixo de poder regional no continente.

E então, se o colonialismo é uma coisa do passado: O que é o neocolonialismo?

“O neocolonialismo, ao contrário do colonialismo, busca influência indireta... o neocolonialismo aproveita o imperialismo cultural, o mercantilismo, bem como a globalização empresarial, para ter controle sobre certos territórios (Morales, F.C., 2021)”. Além disso, na história contemporânea, podem ser destacados alguns eixos-chave do neocolonialismo, mas não há outro exemplo mais claro do que o dos Estados Unidos no século XX.

Como referido anteriormente, os Estados Unidos da América foram catalogados como uma referência cultural desde a sua independência da monarquia inglesa, pois marcaram o início da autodeterminação das colónias europeias como nações independentes e soberanas [embora nos continentes de África e a Ásia não veria isso até o século 20, especialmente com a ascensão do Terceiro Estado]. Posteriormente, a sua influência aumentaria no século XX ao envolver-se nas guerras europeias e delas sair vitorioso, implementando assim o capitalismo e a democracia baseados na visão americana ao mesmo tempo que ascendia à hegemonia mundial que determinaria a concepção da realidade naquele período. e no início do século XXI.

As guerras mundiais posicionaram os Estados Unidos sob uma visão messiânica que faz com que termos como poder hegemônico comecem a ressoar nos estudos sociopolíticos e econômicos nos últimos anos. Com a ascensão do gigante norte-americano no sistema internacional, os paradigmas vão mudando e favorecem a corrente de pensamento liberal onde o capitalismo se estabelece como sistema económico.

Além do acima exposto, o processo de globalização e neocolonialismo é acelerado com a introdução da democracia, dos direitos humanos e do estabelecimento de instituições internacionais que permitem a interligação dos países. A globalização perpetua a neocolonização dos países soberanos da América, porque continuam sujeitos aos interesses de potências como os EUA, a França e a Inglaterra.

Com base no exposto, argumenta-se que a globalização gerou pressão sobre as práticas econômicas dos países, sendo que promoveu a necessidade de criação de organizações comerciais, como o GATT e posteriormente a Organização Mundial do Comércio [OMC], bem como a implementação de acordos de livre comércio para agilizar as trocas comerciais através da simplificação ou eliminação de barreiras tarifárias. Além disso, o comércio exterior passa a ser realizado com maior fervor pelos Estados e pelas empresas transnacionais, considerando que este setor globalizado “é formado por indivíduos e organizações qualificadas que competem produtivamente em escala internacional dentro deste processo” (Jiménez, R & Armando , M., 2012).

É por isso que o liberalismo económico põe em prática a importância da globalização numa questão de criação de laços económicos interdependentes que geram concorrência devido à vantagem comparativa à escala global. Deve-se notar que a era da digitalização e da institucionalização tem sido uma ferramenta para influenciar indiretamente outros países, acelerando assim a ascensão do neocolonialismo no Sistema Internacional.

Portanto, a digitalização é considerada a base que implantou o uso de redes integradas, uma vez que permitiu a conectividade de uma ponta a outra, permitindo assim a expansão de produtos e serviços tecnológicos. A competitividade económica anda geralmente de mãos dadas com a competitividade política e tecnológica, como se viu no período da Guerra Fria com a corrida bipolar entre a União Soviética e os Estados Unidos da América; algo que contrastava as tentativas de ambas as nações de serem hegemonias através da neocolonização de seus aliados e daqueles que compunham o Terceiro Estado.

A globalização é hoje objecto de debate devido às conspirações em torno de poderosos grupos de elite pertencentes a certos países que alegadamente bombardeiam digitalmente as telecomunicações com uma overdose de informação, a fim de manipular a nossa percepção da realidade. As populações dos países em desenvolvimento são vistas como suscetíveis e maleáveis ​​aos interesses daqueles que exercem o poder na esfera política global.

Obras literárias como 1984, de George Orwell, ecoam na mente dos usuários que foram vítimas de notícias ou informações desprovidas de suporte lógico ou real, conhecidas como fake news, pois colocam em questão a legitimidade de nossos governos, a confiabilidade dos meios de comunicação social, bem como os paradigmas culturais prevalecentes no contexto em que vivemos. Por sua vez, a escassez de recursos num mundo globalizado com bases capitalistas põe em risco a estabilidade das balanças comerciais dos países, baseada principalmente na ideia de que num sistema hierárquico em categorias de insumos “norte-sul” ou “centro-periferia” , assim como as matérias-primas são essenciais para a fabricação dos produtos que consumimos no nosso dia a dia.

A balança comercial é prejudicada pelas nossas nações, que em grande parte acabam localizadas na periferia do sistema internacional. A tentativa de responder aos modelos exercidos pelas potências desfavorece a América Latina e as Caraíbas, submetendo-os mais uma vez a uma dependência comercial e de desenvolvimento.

É por isso que nascem as tentativas do regionalismo para facilitar o intercâmbio de bens e serviços na região, mas com ideologias contrárias que fragmentam a união latino-americana em blocos que favorecem as ideias socialistas ou comunistas.

A forma como esta globalização ocorre, a partir do colonialismo e perpetrada pelo neocolonialismo, parece programar as futuras gerações do mundo numa dinâmica que explora constantemente aqueles que estão na base da cadeia alimentar. Os povos que foram colonizados e que são agora vítimas do neocolonialismo não conseguiram compreender plenamente a sua história comum; uma história que conta como os pilares da sociedade atual que celebram a democracia e a autodeterminação dos povos, desde que sejam de economias liberais, continuam a cimentar-se com base nas injustiças impregnadas nos seus solos que continuam a ser prejudicadas após séculos de opressão, exploração e abusos.

Fontes

    Cabrera, L.A. (2009). América Latina y la globalización. Universidad de Medellín.

    Westreicher, G. (2020, 25 septiembre). Colonialismo. Economipedia. https://economipedia.com/definiciones/colonialismo.html

    Morales, F. C. (2021, 16 octubre). Neocolonialismo. Economipedia. https://economipedia.com/definiciones/neocolonialismo.html

    Jiménez, R. & Armando, M. Desarrollo tecnológico y su impacto en el proceso de globalización económica: Retos y oportunidades para los países en desarrollo en el marco de la era del acceso. 2012. Pp. 123-150.


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Eng, Bárbara. “La globalización del Neocolonialismo: la justicia social, la reivindicación de los pueblos y el cuestionamiento de la democracia capitalista.” CEMERI, 9 sep. 2022, https://cemeri.org/pt/art/a-glbalizacion-neocolonialismo-ev.