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Opinião

Michel Cano

Que reveses a COVID-19 trará em termos de pobreza, desigualdade e mobilidade social?

- A profunda crise económica causada pela COVID-19 poderá causar um retrocesso na pobreza e na desigualdade.

Que reveses a COVID-19 trará em termos de pobreza, desigualdade e mobilidade social?

A chegada da COVID-19 em fevereiro e o subsequente aumento do número de casos no território mexicano forçaram a paralisação de vários setores da economia devido à implementação do Dia Nacional de Distância Sana, que consistiu em uma rigorosa política de confinamento a favor da salvaguarda do maior número de vidas, ampliando a capacidade do sistema de saúde e mitigando o aumento de infecções.

A pandemia surgiu num contexto de profundas desigualdades económicas e de género. Como uma mobilidade social muito baixa. No ano passado, o desempenho económico medido em percentagem do PIB teve resultados desanimadores com uma queda de 0,1% segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI). Soma-se a uma agressiva política de austeridade levada a cabo pelo governo por sua vez e à falta de convicção na vida pública sobre a necessidade de uma profunda reforma fiscal progressiva que conceda recursos para reduzir as desigualdades e promover a mobilidade social através de um estado de bem-estar social robusto.[ 1]

A crise económica causada pelo confinamento obrigatório ameaça os esforços de várias décadas na luta contra a pobreza e a desigualdade. De acordo com as estimativas do Conselho Nacional de Avaliação da Política de Desenvolvimento Social (CONEVAL), são esperados os seguintes efeitos económicos como resultado da pandemia: a taxa de desemprego aumentará entre 3,3% e 5,3%; o número total de pessoas em situação de pobreza monetária aumentará entre 8,9 e 9,8 milhões de pessoas e; o número total de pessoas que vivem em situação de pobreza extrema aumentará entre 6,1 e 10,7 milhões de pessoas.[2]

Estes dados alarmantes prevêem as graves consequências que poderá ter na mobilidade social das próximas gerações nos grupos mais desfavorecidos da população. Entre os mais pobres, poderiam ser acrescentados ainda mais pobres. Com base nos dados apresentados no ESRU-EMOVI 2017, onde se afirma que apenas 2% dos nascidos no primeiro quintil (os mais desfavorecidos), atingem o nível mais alto da escala social durante a sua vida. O aumento dos números da pobreza previsto pelo CONEVAL tornará mais difícil a tarefa de proporcionar uma maior igualdade de oportunidades.

Outro ponto de vista dos reveses impostos por esta crise é visto no topo da pirâmide. A nível regional, Susana Ruiz conta-nos que, como resultado da crise económica causada pela COVID-19, surgiram 8 novos multimilionários na América Latina —pessoas com activos superiores a mil milhões de dólares— e as pessoas mais ricas aumentaram os seus US$ 48,2 bilhões em fortuna desde o início do bloqueio em março de 2020.[3]

Na discussão pública são discutidas as ações do atual governo, seja através de suas ações ou omissões. A dicotomia entre saúde e economia é discutida. Viridiana Ríos nos conta em seu artigo “Os pobres primeiro, mas para o panteão” que 71% dos que morreram de COVID-19 têm ensino médio ou inferior.[4] Do The o governo não implementou apoio económico para que os mais desfavorecidos pudessem cumprir as medidas de distanciamento social.

Pouco se tem dito sobre os números acima mencionados sobre pobreza ou emprego. São necessárias ações enérgicas para mitigar os efeitos da crise e evitar um novo retrocesso em termos de desigualdade. As soluções ainda são possíveis: uma renda universal acompanhada de expansão da arrecadação de impostos ou contração de dívida de 2% do PIB. Tal como se viu na Grécia durante a crise de 2008, a austeridade nestes tempos é uma má decisão que acaba por afectar aqueles que têm menos.


Fontes

    NA


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Cano, Michel. “¿Qué retrocesos traerá el COVID-19 en pobreza, desigualdad y movilidad social?.” CEMERI, 22 sep. 2022, https://cemeri.org/pt/opinion/o-pobreza-desigualdad-movilidad-covid19-it.